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Análise das energias da Numerologia e do Tarô que influenciam 2012 – Programa Universo in Foco (04/01/2012)

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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

• Noite feliz?

NatalLú Albuquerque

Vinte e quatro de dezembro. Vinte e três horas.

Alô.

Oi. Onde vais passar a meia-noite? Vais pra casa de alguma amiga?

Não, tia. Vou ficar por aqui mesmo.

Sozinha? – tom de pesar – Vem pra cá, passar a meia-noite com a gente. Não fica sozinha aí, guria.

Argumentei que não fora viajar com família por escolha minha, naquele ano queria ficar só, que não havia nada de triste nisso, que estava bem etc. Insistiu, insistiu, insistiu. Sucumbi: "Está bem... Daqui a pouco chego aí".

Em alguns minutos cheguei à residência, na rua ao lado, onde estavam minha tia, prima, marido e o casal de filhos. A casa toda decorada com motivos que convinham à época, árvore recheada de brilhos e cores, luzes piscando. Mesa enfeitada e farta para ceia, variados quitutes – minha prima é "cozinheira de não cheia". As crianças, lindas e saudáveis, brincavam.

O cenário estava perfeitamente montado, mas algo parecia não "encaixar". Levei algum tempo para me dar conta de que era o clima, a atmosfera. Semblantes que se esforçavam em disfarçar contrariedade, conversas amenas, tímidos sorrisos. Cadê a alegria?

O casal havia brigado. Não falavam um com o outro há alguns dias. Na hora do ritual de cumprimentos e votos de feliz natal, declarado constrangimento ao mal tocarem-se as mãos. Sequer olharam-se nos olhos.

Não me demorei por lá. Aliviada, voltei para o meu silêncio. E trouxe comigo um reforço à convicção há muito adquirida de que o sentido do Natal se perdera, de que a celebração se transformara em uma festa apenas. Lembrei Cazuza: "uma festa pobre que armaram pra me convencer". Para alguns, festa de despensa cheia e exibição de presentes embrulhados com requinte. Para muitos, festa do consumo – crediário, cartão de crédito e orçamento extrapolado que podem tirar-lhe o sono nos meses que se seguirem. Festa de votos vazios entre familiares que se engalfinharam durante o ano e voltarão a fazê-lo, talvez no dia seguinte. Ao invés da união, ajuntamento. Em lugar da harmonia, a hipocrisia.

Ainda há quem dê um abraço fraterno para eliminar desavenças, quem lembre de doar algo de si a quem pouco tem, quem dê oportunidade para quem delas carece, quem compartilhe seu tempo com quem necessite atenção, quem ofereça o ombro para aplacar tristezas, quem introduza fé onde a dor se instalou, quem plante sementes de paz num terreno de discórdia. Contudo, essa gente boa não espera dezembro. Para eles, cada dia pode ser natal e toda noite pode ser feliz.

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Escrito para Revista GenteBoa – Dezembro/2007

Ao repassar, por favor, mantenha o crédito.
Honre o Divino em você, honrando o Divino nos outros.

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