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Análise das energias da Numerologia e do Tarô que influenciam 2012 – Programa Universo in Foco (04/01/2012)

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sábado, 13 de dezembro de 2008

• Sexo é sagrado

Casal

Gilmar Marcilio

Nunca se fez tanto sexo como hoje em dia. Dizem. Qualidade é outra coisa. Mas acho bom, de qualquer forma, que seja assim. Quem costuma ler obras de História sabe que a repressão sempre foi pesada. Filmes também nos mostram a ginástica que era preciso fazer para vislumbrar, por alguns segundos, um tornozelo nu, um joelho e, delícia das delícias, os contornos de um seio símbolo máximo do erotismo. Eram outros os tempos. Como esse é um dos instintos mais fortes da natureza (ou o mais forte), sempre se deu um jeito de driblar os obstáculos. Mudaram os costumes, a intensidade da luz sob a qual nos expomos e o grau de culpa. Nem é preciso dizer que as religiões se encarregaram de fazer um belo estrago. Ainda fazem. É só prestar atenção às declarações de padres e pastores sobre esse assunto para descobrir que o demônio continua se escondendo nas dobras de um corpo despido. Do ato sexual em si, então, nem se fala. Tudo é feio, sempre feio. É preciso apagar qualquer vestígio de alegria. Sofrer é mais redentor. Não nego que o catolicismo, por exemplo, nos legou uma herança preciosa: o amor ao próximo, a compaixão, a noção de igualdade entre os seres. Mas era preciso excluir tudo o que os pensadores gregos nos deixaram? Eles sim eram sábios. Sabiam se divertir como ninguém. E, pasme, não passava pelas suas cabeças que sexo era uma coisa suja, que precisasse de policiamento. O que fizeram foi uma faxina em nossos preconceitos. E nos ensinaram a idolatrar uma palavra: liberdade. É uma pena que tão poucos tenham aprendido a lição.

O fato é que, passados tantos séculos, ainda nos encontramos numa encruzilhada. Continuamos repetindo esse lugar comum: o amor é sagrado. Concordo. Mas minha frase preferida é esta: sexo é sagrado. Se não fosse tão importante, as pessoas se amariam platonicamente. Eu aqui e você na Malásia. Mas não. Toda expressão emocional é, essencialmente, uma expressão física. Precisamos tocar, acariciar, sentir o outro. E ninguém tem nada a ver com as inclinações, gostos ou preferências alheias. Não sei por que a gente está sempre colocando o foco nos órgãos sexuais.

Verdade seja dita: tudo ficou tão escancarado hoje em dia que tem sido mais prazeroso espiar pelo buraco da fechadura do que se fartar, até o limite do tédio, com a profusão de corpos perfeitos que a genética produz e as academias aperfeiçoam. Embora, lembremos, também exista o Photoshop, que faz um mal danado a nossa auto-estima. Você conhece alguém que lembre vagamente essas moças e moços que aparecem sem roupa nas revistas? É lindo, mas é irreal. Feitas as contas, com essa obsessão por mostrar tudo, perdemos muito da poesia que se esconde no processo que leva do desejo à ação. É aí que eu desconfio que o sexo perdeu sua sacralidade. Reprimir não leva a nada. Tirar todos os véus, também não. Somos animais regidos pela sedução. O que nos mantém interessados é o jogo, o desafio.

Não sei como a garotada tem vivenciado sua sexualidade. Mas ouço comentários que me deixam inquieto. Quando se vai de um extremo a outro, sem uma parada obrigatória, não somos capazes de extrair a compreensão adequada do que estamos fazendo. Da repressão à banalidade é um passo. Tampouco pretendo fazer a apologia da aproximação a conta-gotas. Nem sempre as coisas seguem um roteiro previsível. Muitas vezes as pessoas se envolvem fisicamente e depois descobrem que estão apaixonadas. Amor pode vir mais tarde, por que não? Encontros não são, necessariamente, pontuados pelo romantismo. Isso existe também, e quando acontece, está além da linguagem. Sem dúvida, é uma experiência do sagrado. Um nascimento que prescinde do ar, um degrau acima de quase tudo que vivemos antes.

Alguns fios se romperam. Da época em que éramos extremamente pudicos (mas fazíamos tudo na alcova, com as velas apagadas), passamos a práticas quase públicas de atos sexuais. Não sobra quase nada para a imaginação. Prefiro pensar que daqui a alguns anos seremos capazes de recriar outra forma de nos satisfazer. A gente vive louvando a alma, o espírito, mas é com o corpo que tomamos consciência de certas realidades transcendentes. Inventadas ou não, há em seu alicerce toda uma gama de sensações que têm no sexo um de seus elementos fundadores. Os orientais sempre souberam disso. Esquecemos algumas noções que nos ajudariam a reivindicar o direito de desejar e de nos alimentarmos com a força que vem do contato erótico.

Sem medo de estar sendo profano, eu gostaria de erguer um altar ao amor físico. E de instituir um catecismo de louvação para ser usado por futuros discípulos. Não posso pensar num tema de casa mais agradável.

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Fonte: Pioneiro
E-mail: gilmar.marcilio@pioneiro.com

2 comentários:

Anônimo disse...

Amei o texto! Muito legal mesmo. Parabéns pela escolha. queria saber quando finalmente vamos nos livrar da culpa católica que ronda nosso relacionamentos!!!! Um beijo, Carla.

Lú Albuquerque disse...

Pois é, Carla, mto trabalho interno promovi para me libertar desses conceitos tão limitadores do prazer de viver.

Agora em 2009 o lema é tesão, defrutar a vida ao máxio. Isso só será possível se abandonarmos a casta opressora.

Gde beijo